quinta-feira, 23 de março de 2017

RESENHA: QUERUBINS - A SENTENÇA DA ESPADA | AUTORA MARTHA RICAS

UMA GUERREIRA DO CÉU
UMA DAMA VITORIANA
UMA GUERRA INVISÍVEL




Autor(a): Martha Ricas
Editora: Novo Século
Série: Querubins
Livro: A Sentença da Espada
ISBN: 978-85-428-0464-5
Edição: 1
Ano: 2015  
Páginas: 239
Gênero: Romance/Guerra Espiritual
Idioma: Português





SINOPSE:

Como enfrentar aquilo que todos não querem ver?
Chaya, uma querubim com a missão de enfrentar uma guerra contra os homens e contra o próprio inferno.
Mary, uma garota com um dom que lhe atormenta desde a infância e a impede de confiar no misterioso Anton Haven. Entretanto, seu pequeno tormento pessoal pode estar mais ligado à guerra celeste do que se imagina. 
Pegue suas armas, abra bem seus olhos. O que está ao seu redor pode não ser bem o que pensa. A batalha dos atalaias nunca termina. Você está pronto?

***

A narrativa segue com dois pontos de vista, ocorrendo em linhas temporais diferentes, mas com acontecimentos que se completam no decorrer da história. De um lado, temos "Chaya", uma guerreira alada dos céus da casta (termo usado para classificar os anjos) dos querubins que é designada para uma missão em Kernev, uma antiga aldeia celta da Britannia no século V a.c. onde uma semente poderia estar sendo aos poucos implantada pelas forças malignas e ocultas nos corações dos humanos daquela época, e que deveria ser combatida á todo custo pelas forças celestiais. 
Do outro lado, temos "Mary Grace",  uma jovem que vive em Londres, na Era Vitoriana da Inglaterra em meados de 1840 d.c. No começo, sendo mimada, incompreendida pelos pais e sofrendo com as visões que possui sobre criaturas estranhas que a atormentam, ela também se vê em uma missão para combatê-la ao lado de Anton Haven, outro jovem que possui muito em comum com ela.
É impressionante como a autora consegue arrebatar o leitor para dentro de sua história. A sutileza com os detalhes em cada capítulo de cada uma das personagens faz com que o leitor realmente esteja introduzido no ambiente, tudo isso, por causa de tamanha criatividade e delicadeza ao descrever de forma minuciosa, e devo acrescentar "caprichosa", os detalhes correspondentes a cada época referenciada. É um cuidado que alguns autores não sabem muito bem dosar em algumas obras que se vê hoje em dia, no entanto, a autora consegue trazer em cada capítulo um acervo diferente. Certamente uma leitura e tanto para quem gosta e curte guerra espiritual com romance. 


A escrita de Martha me encantou muito e me conquistou diretamente pela suavidade e o exímio uso das palavras em seu vocabulário, uma característica bem peculiar contida em suas entrelinhas. Confesso que ela trouxe raras palavras ao meu conhecimento, algumas eu tive que buscar o significado no dicionário, e em cada busca uma nova conclusão de que ela soube encaixar tão bem as palavras ao escrever de uma forma tão sofisticada. O que leva a entender também que a autora estudou bastante para se aprofundar sobre cada lugar, época, costume, religião e mitologia. 
O  livro não é grande, porém alguns capítulos se estendem mais do que outros, além de não seguirem uma forma ordinal; a trama é bem desenvolvida ao ponto de seguir um entendimento claro para o leitor. O enredo possui algumas viradas tão bem alocadas que acabam surpreendendo! Vale destacar aqui o selo Talentos da Literatura Brasileira que o livro possui. Afinal, nada melhor que um incentivo à expansão da literatura nacional.
Os personagens são abordados de uma forma direta e o desenvolvimento se dá aos poucos de acordo com o desenrolar de cada missão dada a uma das protagonistas. A personalidade de cada um é trabalhada muito bem, e a autora mostra as semelhanças e as diferenças de uma maneira brilhante. O que torna "Chaya" ou "Flama Vermelha", como é chamada em alguns pontos da história, cativante pela seriedade e humor bem comedido e também pela sua íntima ligação com a sua arma celeste, a espada "Havah"; e mostra "Mary" como uma garota reprimida que precisa entender que o mundo não gira ao seu redor, que não deve ser egoísta, que ela tem muito a aprender e um dom importante que pode vir a salvar vidas com ele.
A arte da capa é muito bonita e emana um mistério com um olhar convidativo. A diagramação é muito boa e a editora fez um bom trabalho. O livro foi muito bem revisado, pois, não encontrei erros.


O livro foi recebido em parceria com a autora que o autografou e nos enviou também  um lindo marcador. Deixo aqui um profundo agradecimento por acreditar em nosso trabalho apostando uma ficha no PAPO NERD e em nossa parceria. Que ela seja duradoura! Muito obrigado mesmo.

Foi uma leitura bastante diferenciada do que eu esperava. Surpreendeu demais. Outro ponto positivo por conta disso. Afinal, a Martha conseguiu me mostrar uma nova abordagem para o termo guerra espiritual. De certo que já tem um lugar carinhoso na estante do PAPO NERD. Super recomendo este livro fascinante. O que já me deixa ansioso para ler o próximo livro de "Querubins" com outra história e outros personagens. Mas isto, claro... é assunto para outra resenha.

Classifico o livro
QUERUBINS - A SENTENÇA DA ESPADA
como 5 balõezinhos:
💬💬💬💬💬

sexta-feira, 17 de março de 2017

RESENHA: HARRY POTTER E A CRIANÇA AMALDIÇOADA, JK ROWLING

"Quando os outros forem poupados, quando o tempo for virado, quando filhos invisíveis assassinarem os pais: então o Lorde das Trevas retornará."


Editora: Rocco
Livro: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada
Edição: Especial do roteiro de ensaio
ISBN: 978-85-325-3042-4
Ano: 2016
Páginas: 352
Idioma: Português


BASEADA EM UMA HISTÓRIA ORIGINAL DE JK ROWLING
JOHN TIFFANY & JACK THORNE





De volta ao mundo mágico de Harry Potter, o que se pode constatar é que de fato, é mesmo tão grande quanto se pode imaginar. Além da saga retratada por JK ROWLING em sete livros romanceados e muito queridos, que foram adaptados para oito filmes no cinema, temos diversas histórias extras que compõem o mesmo universo. Entre elas: "Animais Fantásticos e Onde Habitam" que além de um catálogo  em forma de livro, também foi adaptado para o cinema em 2016 com direito a estreia de Rowling como roteirista, gerando uma nova saga com mais 4 filmes que irá se passar em uma linha temporal anterior. Impossível não destacar aqui a imensa lista de possibilidades que as histórias puderam trazer para toda uma geração. E como se não bastasse... os fãs ainda foram presenteados recentemente com o roteiro da peça de teatro baseada em uma história original de JK ROWLING, JOHN TIFFANY & JACK THORNE: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada. 

SINOPSE:
A OITAVA HISTÓRIA.
DEZENOVE ANOS DEPOIS...

"Sempre foi difícil ser Harry Potter, e não é mais fácil agora que ele é um sobrecarregado funcionário do Ministério da Magia, marido e pai de três crianças em idade escolar.
Enquanto Harry lida com um passado que se recusa a ficar para trás, seu filho mais novo, Alvo, deve lutar com o peso de um legado da família que ele nunca quis. À medida que passado e presente se fundem de forma ameaçadora, ambos, pai e filho, aprendem uma incômoda verdade: ás vezes as trevas vêm de lugares inesperados."


A saga que até então parecia ter um final definitivo e duradouro, tem início no momento em que Rowling concluiu a série de Harry Potter mostrando Harry, sua esposa Gina, na estação de King's Cross, com seus três filhos: Thiago, Lílian e Alvo Severo. Sendo o primeiro ano de Alvo em Hogwarts. O roteiro segue então a partir deste momento, acompanhando Alvo e Escórpio, que é filho de Draco Malfoy. 
Para uma ironia do passado, os dois iniciam uma amizade e acabam se entendendo muito bem, afinal, são dois jovens que procuram encontrar seu lugar em Hogwarts e no mundo. O chapéu seletor coloca ambos na Casa da Sonserina. Sim. Alvo Severo Potter é selecionado para a Sonserina. No entanto, eles sabem que não são exatamente como os pais, tanto em habilidades quanto em engenhosidade, mas acabam sentindo o peso dos nomes e da família caírem sobre si. 
Além da trama contar com um novo vilão, o enredo tem a volta do dispositivo vira-tempo, (que se encontrava erradicado desde o terceiro livro da saga - Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban) o que torna possível a volta das crianças no passado de Harry e a JK Rowling "reescrever" de certa forma esse passado e tornar possível linhas do tempo alternativas em que pequenas alterações nos acontecimentos influenciam e distorcem diretamente o futuro. O foco acaba sendo no que poderia acontecer de diferente se houvesse outro futuro.


A escrita em forma de roteiro acaba tornando lenta a introdução do leitor na história, de certa forma, demora chamar atenção. Principalmente se for um leitor que está iniciando a saga agora neste livro (o que de fato, não recomendo...) e não conhece com clareza a escrita da autora nos trabalhos romanceados.  A distração e a diversão contida nos elementos teatrais de palco acabam deixando um aspecto mais vago e por fim deixa um pouco a desejar nos detalhes em descrição de cenários e personagens. O que pode atribuir aos novos personagens, talvez, alguma noção de incompletude. 
Outro ponto interessante que se deve ressaltar é o conturbado relacionamento entre pais e filhos nesta história. Tanto no que diz respeito a Harry e Alvo,  quanto a Draco e Escórpio. Ambos tem de passar por situações onde são incompreendidos por seus pais e vice-versa. Todo o decorrer da história acaba colocando esse relacionamento à prova, tanto para os Potter, quanto para os Malfoy. Foi um ponto interessante que Rowling quis tocar.
No entanto, devemos lembrar que o propósito era ser uma obra de teatro e não um trabalho voltado para a literatura. Enfim, o que se pode dizer é que a nostalgia sentida ao adentrar as páginas é de fato emocionante. Poder  voltar ao passado de Harry em alguns pontos e reler sobre personagens que foram importantes na história é sim um remédio para os amantes de toda a saga do menino que sobreviveu.
É certo que foi um tremendo fan-service e que muitos fãs, assim como a própria JK ROWLING queriam saber o que aconteceria se Voldemort tivesse de certa forma vencido. É de se esperar que as histórias que possam surgir futuramente após esta sejam com os novos bruxos e venham a atrair uma nova geração de fãs.
O livro em forma de roteiro (JOHN TIFFANY & JACK THORNE), particularmente, tornou a leitura rápida, por poupar explicações de detalhes e desenvolvimento de personagens e fez ainda com que a idealização fosse bem superficial ao adentrar na história. Falando, obviamente, do ponto de vista de alguém que já leu 3 livros da saga e assistiu aos 8 filmes. Foi uma leitura que gostei mas não me encantou profundamente.


Classifico como 4 balõezinhos:
💬💬💬💬